quando nada muda e tudo muda: o home office para quem já fazia home office

esse texto é um pequeno desabafo.

desde janeiro, estou em um formato de trabalho diferente. minhas funções na escola mudaram, e eu posso fazer quase tudo de casa. home office.

e eu amo! adoro a flexibilidade do meu trabalho. adoro trabalhar de fones de ouvido. adoro a sensação de que eu posso, até certo ponto, controlar o meu tempo e adaptar minha rotina conforme minhas necessidades. adoro a possibilidade de marcar vários médicos para um dia, aproveitar para resolver tretas na rua e compensar esse tempo trabalhando nos outros dias. adoro ficar sozinha.

no entanto, a ansiedade está tomando conta de mim.

o meu formato de trabalho não mudou muito. fico em casa, sento diante do notebook e faço o que precisa ser feito. mas não tenho conseguido me desligar da situação que acontece no mundo. fico preocupada com a minha família. fico ansiosa por não saber quando poderei encontrar meu namorado. fico preocupada com a minha alimentação. fico ansiosa por não saber quando as coisas voltarão ao normal. 

e isso prejudica o meu trabalho. não tenho conseguido me concentrar. 

e dizer é sempre mais fácil que fazer. 

racionalmente, sei que, quando não estou focada, é hora de dar uma pausa. é hora de fazer um auto mimo. mas a ansiedade é muito louca e a gente paralisa. não consigo. e me sinto culpada por estar nesse limbo: nem trabalhando, nem me cuidando. não consigo.

acho que por hoje paro e não tento mais trabalhar. talvez eu tente limpar meu quarto ou hidratar meu cabelo enquanto assisto love is blind. 

é engraçado pois quando isso acontece no meu dia a dia em condições normais eu tenho já consolidadas algumas estratégias: ir trabalhar em outro lugar ou encontrar com alguma pessoa para trabalhar junto. nenhuma delas funciona nesse momento. e talvez a ansiedade tenha um pouco a ver com isso também – esse sentimento de não poder fazer nada com relação a situação. 

no mais, escrevo aqui para:

– um, tirar tudo isso do meu coração;

– dois, mostrar que eu também tenho minhas tretas;

– três, dizer que, mesmo mudando a perspectiva sobre produtividade, nem sempre conseguimos ser produtivos. ou seja: nem sempre conseguimos estar presentes no momento. e, pra quem tem problemas de saúde mental, isso é ainda mais difícil. mas atenção: mudar a perspectiva sobre produtividade já é mais do que metade do caminho andado pra gente sentir menos culpa.

quarentena não é férias. seguimos trabalhando. mas não dá pra fingir que o trabalho continua da mesma forma.

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