eu gosto de pensar que nós somos aquilo que geralmente fazemos quando ninguém está olhando. acho que a autenticidade vive aí: na forma como você água suas plantas ou lava suas roupas.
tenho visto diversas postagens com dicas do que fazer na quarentena. e tantas outras criticando essas anteriores.
a noção doentia de produtividade capitalista está mais evidente do que nunca. e eu poderia vir aqui, mais uma vez, dizer da minha forma de entender a produtividade como a presença no aqui e no agora.
mas, hoje, quero falar do que me indicam estes debates do que fazer ou deixar de fazer na quarentena: será que sabemos ficar sozinhos?
acho curioso que existam tantas listas do que fazer em quarentena. em que momento esquecemos do que gostamos de fazer quando sós?
é por isso que essas listas me intrigam para além dos sentidos de produtividade. gente te dizendo o que fazer e como aproveitar melhor o seu tempo para o bem do capitalismo sempre teve – e sempre vai ter. o que me assusta é como a gente não tem referência do que a gente gosta de fazer: seja dançar, ver séries e filmes, escrever, pintar, jogar… ou qualquer coisa que possa ser feita numa quarentena.
eu diria: aproveite esse momento para se descobrir – e não para colecionar conquistas de quarentena. se descubra. seja autêntico. tente fazer coisas por você e não postar nas redes sociais. tente se descobrir a ponto de não precisar de uma lista que te diga o que fazer. seja, para você mesma, uma companhia agradável. está mais difícil fugir de si mesma agora: seja, para você, uma boa companhia. descubra o que isso significa para você.
então, eu diria: faz o que você quiser. o que você quer fazer com você?