instagram não é plataforma de ensino e aprendizagem

parece óbvio, né? mas escrevo esse texto porque não é – e é muito comum que a gente faça essa confusão cotidianamente, mesmo que de forma inconsciente.

no episódio de hoje do negacionismo contemporâneo, eu e nat falamos um pouco sobre a irresponsabilidade de algumas postagens que vemos pela rede social. não é incomum que troquemos mensagens mostrando absurdos que pessoas com milhares de seguidores postam em suas redes.

essas postagens impactam pessoas muito próximas de nós. afinal, não estamos falando de perfis de coaches (a nossa bolha já é, em grande parte, vacinada pra isso!) – mas de pessoas descoladas. de esquerda. feministas. e sei lá mais o que seria importante pessoalmente para que você considerasse o valor profissional de alguém. pessoas que se preocupam com sua saúde mental e propagam autocuidado.

estou me adiantando. comecemos do começo: o que há de tão errado nas postagens? e por que elas são um problema?

são postagens que apresentam erros conceituais graves. que confundem organização com planejamento, rotina com horários, hábitos com metas, e por aí vai. o problema? quem lê e confia – quem acessa o conteúdo para aprender – se confunde. como consequência, não consegue alcançar o resultado prometido – que, no caso, não é apenas a organização, mas tudo que ela promove. isso deixa as pessoas frustradas. quem tenta e fracassa pensa que a culpa é sua. essa pessoa não imagina que seu fracasso pode estar relacionado a informações incorretas propagadas por alguém com tantos seguidores.

mas, veja: o instagram não é uma plataforma de ensino aprendizagem. é uma rede social – uma empresa cujo objetivo é vender. o algoritmo objetiva prender a sua atenção. você não usa o instagram para aprender – mesmo que você possa aprender alguma coisa enquanto está ali.

o sucesso de um conteúdo não tem a ver com sua profundidade. ou com seu compromisso com a verdade. ou mesmo com sua didática. o sucesso de um conteúdo tem a ver com estratégia de marketing: imagem e texto bem construídos e postados na hora certa e no lugar certo.

ao visitar uma conta, pergunte-se: ela quer me vender alguma coisa? por que ela faz conteúdo sobre organização e produtividade? ela é uma profissional dessa área ou vende planners? a conta pertence a uma papelaria ou outra empresa?

essa é uma dificuldade pessoal minha com relação ao instagram. eu sei que preciso voltar para a rede porque eu preciso vender – afinal, eu sou uma profissional autônoma da área de organização pessoal! no entanto, não sirvo muito para marketing. eu gosto de ensinar, de discutir, de criar soluções junto – e o instagram não é espaço para isso. por outro lado, preciso aprender a fazer minha propaganda.

e por isso começo o texto dizendo: parece óbvio, mas não é. no dia a dia, gostamos dessas pequenas doses de aprendizagem sem esforço. gostamos dos insights que temos ao ver uma ou outra postagem na rede. e parece que estamos aprendendo. parece que um conteúdo visa nos ensinar. pois bem: não é nada disso.

o problema está em alguns perfis? com certeza. mas não podemos negar que o próprio funcionamento da rede não nos permite aprofundamentos. o instagram não é uma rede de ensino e aprendizagem, mas de vendas – é para isso que o algoritmo funciona.

para aprender, saia das redes.

1 Comment

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *