escolhi falar de produtividade em fevereiro. e sobre contexto.
e o que desculpa tem a ver com isso? vou explicar a minha ideia em três tópicos:
1. conhecimento liberta
quando a gente passeia pelo mundo do desenvolvimento pessoal e da produtividade, é comum que a gente se sinta completamente potentes e frustradas ao mesmo tempo.
temos a sensação de que todo poder de mudança do mundo está em nossas mãos. quando não do mundo inteiro, pelo menos do nosso mundo. ao mesmo tempo, esse poder não se materializa no dia a dia. e não conseguimos encontrar o ruído. o que deu errado? frequentemente, ainda, perguntamo-nos: onde errei?
na minha percepção, nos falta clareza sobre o tamanho desse poder. somos atravessados por disicursos meritocráticos o tempo todo e, mesmo sem querer, reproduzimos práticas competitivas no nosso dia a dia. a gente se compara. a gente se cobra. e quer ocupar o nosso tempo livre de forma produtiva – leia-se: com um objetivo quase sempre relacionado à dinheiro, direta ou indiretamente.
por isso, acho importante discutir alguns temas por aqui. para que a gente consiga entender melhor porque algumas coisas são possíveis ou não. para a gente entender até onde podemos ir – e porquê. e para que isso se traduza em leveza e luta cotidianamente.
2. culpa ou responsabilidade?
o que, de fato, podemos fazer? por quê? como?
a frustração gigante chega porque somos levadas a acreditar que temos um poder muito maior daquele que temos. e uma responsabilidade muito maior do que aquela que temos. aliás, diria: um dever. o sentimento é que não falhamos apenas conosco, mas com o mundo.

mas, veja… não temos todo esse poder. e nem toda essa responsabilidade. e quem disse que é seu dever ser produtiva? e por que existe um valor moral para a improdutividade?
isso não significa dizer que você é impotente e irresponsável, mas localizar o seu poder e a sua responsabilidade. somos responsáveis, sim, pela forma como decidimos levar nossa vida – mas até certo ponto. do mesmo modo, nós podemos mudar a forma como levamos a vida – mas até certo ponto. há limites que nos são impostos pelo contexto. precisamos compreender a nossa vida de forma contextualizada para sair do lugar da culpa, do julgamento moral, para o lugar da responsabilidade consciente.
3. deslocar a palavra desculpa no meio da produtividade

são muitos conselhos e dicas e gurus que vendem a ideia de que sua vida seria melhor se você vivesse de tal ou tal forma. e é muita gente te dizendo que você não o faz porque você é fraca ou preguiçosa ou qualquer outra coisa. é muita gente dizendo que você cria desculpas.
e você precisa legitimar o que sente o tempo todo. e entender que precisa descansar. e que desejar estar a toa não é um problema. e que talvez você não esteja criando uma desculpa para não fazer atividade física – você só está cansada. exausta.
e, por mais que a gente tenha consciência de todo esse processo, a gente precisa ficar alerta. porque a sociedade em que vivemos trabalha para que a gente se esqueça o tempo todo de seu funcionamento. precisamos nos lembrar disso o tempo todo. mesmo.
por isso, esse é um mês para você se desculpar.
vamos de mãos dadas. <3