porque inventar prazos é uma péssima ideia

você já ouviu esse papo: quer realizar uma tarefa? fazer andar um projeto? se coloque prazos!

essa não é uma boa prática, porque ela prejudica o desenvolvimento da nossa autonomia e reforça uma autoimagem negativa.

para orientar o nosso pensamento, quero responder fundamentalmente a uma pergunta:

por que você faz o que faz?

tendemos a acreditar que aquilo que está na agenda será cumprido. afinal, se escrevemos na agenda, é um compromisso. e, se nos comprometemos, cumprimos.

quando pensamos nos prazos, a lógica é a mesma: quando tenho um prazo, cumpro. o prazo é um compromisso. se você se compromete, você cumpre.

entendemos de onde vem esse raciocínio. porém, ele é falso – porque ignora a natureza de cada tarefa e o contexto do mundo em que vivemos.

para ilustrar: escrever na agenda que você vai malhar todo dia às nove não é o que garante sua ida até a academia. escrever na agenda cumpre uma função: de sinalizar para você que aquele horário está comprometido – e só. o que garante a malhação é de outra ordem, que não caberia a este texto. no entanto, às vezes você não escreve compromissos de trabalho na agenda – e, mesmo assim, você comparece a todos eles. do mesmo modo, você provavelmente não marca na agenda o dia e horário do supermercado – mas você faz as suas compras com frequência para que não falte papel higiênico.

do mesmo modo, você cumpre suas atividades de trabalho – tenham elas prazo ou não. na vida pessoal, você não precisa criar prazos para comprar presentes para pessoas queridas ou fazer um almoço especial.

realizamos as tarefas não porque elas tem prazo, mas porque são importantes para nós – seja lá por qual motivo.

os efeitos da prática

entendemos que essa prática nos afasta de pensar sobre a natureza das tarefas, o nosso funcionamento e a nossa realidade concreta. isso, por si só, já é bem ruim: porque é caminho certo para nossa frustração.

o problema é que não pensar sobre tudo isso faz com que criemos prazos – e não cumprimos.

como você se sentiria se, constantemente, uma pessoa fizesse combinados com você e, vez após vez, não os cumprisse? ora, não é isso que fazemos com nós mesmas quando entramos no ciclo dos prazos eletivos?

inventamos um prazo, não cumprimos. inventamos outro, não cumprimos. e, por aí, vai. até que nossa palavra já não tem valor para nós mesmas. nossa autoconfiança vai embora

o que fazer, então?

se organize. tenha uma lista com todas as suas tarefas – e perceba quais são aquelas que são procrastinadas. seja muito honesta e tente encontrar os motivos para que esta tarefa seja sempre deixada para depois.

conheça o seu tempo e crie expectativas mais realistas sobre o que você pode fazer até quando. e decida com sabedoria sobre os aspectos do seu dia a dia que você pode decidir.

faça as coisas porque elas são importantes para você – não porque você será cobrada. já existe muita cobrança no mundo (e muita cobrança besta!), você não precisa se colocar mais pesos.

desenvolva autonomia sobre o seu tempo.

Comments

No comments yet. Why don’t you start the discussion?

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *