here’s something you should know about me: quando eu consumo muito conteúdo em inglês, eu frequentemente começo a pensar mais em inglês também. e eu penso muito para fora. por isso, não é incomum que eu escreva ou fale em inglês de vez em quando.
e este é o caso agora. estou ouvindo o livro yes, please – da atriz, comediante, roteirista, produtora e mãe: amy poehler. é dia 02 de janeiro, quando escrevo este texto, e minha cabeça está pipocando. por isso, escrevo.
quero ser mais low profile. mas também quero que você me conheça. e, talvez, por isso publico esse texto – para que você me humanize.
tenho percebido recentemente o quanto eu desumanizo as pessoas. na verdade, acho que não sou só eu. é algo que me parece como um fenômeno do nosso tempo. mas é duro perceber o quanto isso me afeta. eu frequentemente me coloco para baixo, porque me comparo demais. fecho os olhos para todas as minhas conquistas, todo o meu contexto e me comparo com fragmentos de vidas alheias.
here’s something you should know about me: eu me comparo demais. eu preciso sempre me lembrar de respeitar o meu caminho. eu preciso sempre me lembrar que as pessoas são só pessoas – e também tem as suas tretas escondidas. somos todas diferentes. temos personalidades diferentes e histórias diferentes. e essa vida aqui: eu escolhi pra mim, e estou construindo do meu jeito e no meu ritmo.
recentemente, descobri que imaginar as pessoas como personagens dos simpsons as torna bem menos ameaçadoras. e acho que levarei isso para esse ano.
here’s something you should also know about me: essa época do ano é foda pra mim. de um jeito bom e ruim. dezembro e janeiro são meses que potencializam a minha introspecção. eu penso muito. e me fecho muito. e fico ainda mais introvertida. se fosse por mim, não teria redes sociais. ao mesmo tempo, é por causa delas que eu consigo manter amizades. apesar de que, talvez, também seja por causa delas que eu me sinta tão culpada por não manter amizades.
escrever é como conversar consigo mesma.
eu gosto muito de ficar sozinha. eu adoro cozinhar e aprender receitas novas. e tenho tentado me reconectar com meu corpo e descobrir autoestima no que meu corpo é capaz de criar. hoje, pintei pregadores de madeira. te recomendo comprar duas tintas, um pequeno pincel e começar: isso não exige nenhum compromisso, e todo material é bem baratinho.
here’s something you probably already know about me: eu não gosto de livros que deslocam a lógica da administração de empresas para a vida. por isso (e também por outros motivos), não gosto do livro essencialismo – e tenho bastante preguiça de ler outros livros que constam na minha lista porque, afinal, são livros que as pessoas esperam que eu já tenha lido e eu-quero-ler-para-ter-alguma-opinião-sobre. será que hábitos atômicos vai me fazer passar raiva?
eu quero sentir menos raiva. por que algumas coisas me afetam tanto?
eu acho bem ruim e problemático que tudo hoje luta pelo estatuto de científico para ser legitimado. a ciência tem seus limites – e você não precisa dela para legitimar o que nela não cabe. eu fico bem chateada que a palavra fórmula tenha sido substituída por método no mercado – o que esvazia a palavra método.
eu amo métodos. adoro trabalhar com métodos e pensar sobre métodos. é incrível perceber o que fundamenta um método, porque um passo vem antes do outro, o que justifica que algo seja feito de uma forma e não de outra.
sobre os livros de não-ficção: o lugar que eu me encontro não são os livros de autoajuda, mas as autobiografias que não se levam tão a sério. além dos livros-reportagem – mas isso é assunto para outra hora. percebo isso ouvindo yes, please – escuta que veio logo depois de finalizar o audiobook todo mundo foi convidado, menos eu? da mindy kaling. e me dando conta de que já ouvi algumas vezes o livro bossypants, da tina fey.
eu prefiro histórias reais e conselhos reais. aprendo mais sobre a vida assim do que ouvindo o passo a passo, chamado de método, do moço que ficou rico e chamou isso de sucesso. eu não quero o seu passo a passo: eu quero a sua verdade.
here’s something you should know about me: eu tenho meus quês e comos porque tenho os porquês. porque, na verdade, sou obcecada por porquês e suas costuras com comos e o quês.
e, talvez, por isso meu cérebro esteja coçando. esse livro está me fazendo pensar bastante sobre mim. ou, melhor: esse livro está me fazendo sentir bastante, de um jeito que eu não sei bem pensar sobre. e, talvez, por isso a necessidade de escrever. sobre mim.
here’s something you should know about me: raramente escrevo sobre mim. quando o faço, é porque a cabeça já não sabe mais dialogar sozinha e precisa ver as palavras que espirra. dessa vez, o catarro está aqui, para quem quiser ver.
thank you, amy poehler. I know you are reading this.
thank you.