estou envolvidas em diversos projetos diferentes. se isso é comum para qualquer pessoa que viva na nossa sociedade em 2022, é mais ainda para pessoas autônomas.
hoje, enviei uma mensagem em um grupo que literalmente se intitula +1 grupo pra gente trabalhar e perguntei se poderíamos marcar um encontro para desenhar melhor a nossa ideia e entender os próximos passos de cada uma das envolvidas. somos todas autônomas. uma das participantes respondeu que não está em um bom momento, e completou: enquanto eu estiver em lançamento, não tenho vida.
e isso me faz pensar do quanto o trabalho de autônoma é vendido de uma forma injusta. aliás, também a proposta do lançamento e o marketing digital me parecem pouco compreendidos. e isso vem de um lugar de autocrítica e de percepção do mundo ao meu redor.
autônoma: o pacote completo
hoje, não existe autônoma que possa se dar ao luxo de não aprender marketing. autônomas que trabalham pela internet, em especial, precisam saber o que estão fazendo e marcar sua presença online de maneira estratégica pra conseguir clientes. se você não comunica bem a sua ideia, as pessoas não chegam até você – e, se elas não chegam, você não executa a melhor parte do seu trabalho. no meu caso: efetivamente ensinar as pessoas a se organizarem.
por isso, penso que o trabalho de autônoma não é bem compreendido: a gente sabe que precisa lidar com todas as partes da empresa, mas não tem ideia do que isso significa na prática. não imagina que parte da nossa rotina seja efetivamente criar conteúdo. e que é melhor que isso seja feito com muito embasamento – para que a gente não perca tempo.
ser autônoma e trabalhar pela internet, atualmente, significa sim fazer marketing digital: e quanto menos a gente aceita isso, menos a gente efetivamente trabalha com o que gosta e acredita – que, provavelmente, foi o grande motivo de termos escolhido esse caminho para nossas vidas.
todo trabalho tem sua parte chata – e talvez o marketing digital seja a parte chata do trabalho de autônoma. sabemos que não trabalhamos só com a parte legal, seja qual for o nosso trabalho. pergunto: você tá pronta para aceitar o pacote completo? eu, definitivamente, não estava quando comecei.
obrigada, @teacherlarine que nunca me iludiu, sempre me colocou no caminho certo e ajuda as partes chatas a se tornarem muito mais divertidas e produtivas. misturem amizade com trabalho, recomendo.
trabalhar dá trabalho
chegamos, então, ao lançamento: estratégia para vender utilizando as redes sociais.
finalmente compreendo que o lançamento não é um passo a passo ou uma fórmula mágica: é um método. e esse entendimento só é possível uma vez que visualizo que existem fundamentos que explicam suas etapas, que justificam o que é ou não negociável dentro do processo. obrigada, @aelysamarques.
o lançamento costuma ser visto como um processo trabalhoso e desorganizado.
nunca fiz um lançamento, mas não tenho dúvida alguma de que ele pode ser organizado utilizando o método certo. talvez, inclusive, por isso, até hoje eu tenha alguma resistência com o processo: nunca vi um bom template de organização de lançamento. o que, contraditoriamente, me dá vontade de aprender! porque desenhar uma estrutura que explicite processo e método é o que eu mais gosto de fazer na vida.
sobre ser um processo trabalhoso: concordo! e aqui, retorno à fala da minha amiga no grupo: enquanto eu estiver em lançamento, não tenho vida. quantas vezes já não dissemos essa frase em contextos outros? final de semestre na faculdade, final de ano na escola, fases apertadas nos nossos trabalhos de carteira assinada… qual é a diferença?
o lançamento nada mais é que um período mais apertado de trabalho. e que me parece cada dia mais inevitável. é o trabalho que precisa ser feito para que eu possa ter trabalho para fazer.
eu, tão crítica ao capitalismo, fui inocente: a liberdade que o trabalho de autônoma nos proporciona existe, sim. o que não existe é se libertar individualmente do capitalismo.
isso significa que, por vezes, mesmo nosso trabalho de autônoma vai exigir períodos de não vida – porque isso não tem relação com o modelo de trabalho que escolhemos, mas com a dinâmica neoliberal na qual todas nós estamos inseridas, autônomas ou não.
que possamos ser autônomas críticas para compreender o que é ou não nossa escolha, estudiosas para escolher estrategicamente e organizadas para colocar em prática o que decidimos para nossas vidas.